sexta-feira, 30 de abril de 2010

Como um pinheiro

Em memória do Pastor 1º Vice-Presidente da IECLB

Homero Severo Pinto (1952-2010)

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar a própria

vida em favor dos seus amigos”. João 15.13


Aquele sábado ficará registrado na memória de quem pôde comparecer à Comunidade de Portão, RS, por muito tempo. Lá estiveram o povo da comunidade, mulheres e homens, jovens, estudantes, o grupo Ânima, pessoas de idade, pastoras e pastores, catequistas, diáconos e diáconas, lideranças sinodais, a direção da igreja, colegas da secretaria geral e, de modo muito particular, a família do Pastor Homero S. Pinto, a esposa, a filha, o filho, genro, nora e outros familiares. Impossível descrever a consternação e a tristeza que constrangia a todos. O sofrimento que se abateu sobre aquela família é indescritível. Foram 40 dias de agonia que Homero sofreu numa UTI de um hospital de Porto Alegre, durante os quais a família ficou firme a seu lado, sem descanso e em constante oração. Toda a igreja se somou a sua dor também intercedendo e demonstrando importante solidariedade, que chegava diariamente de todas as partes e também do exterior.

Naquela manhã era como se num momento toda a IECLB estivesse reunida não para discutir os rumos de sua história ou para decidir quem será sua direção no futuro. Desta vez nos reunimos simplesmente para chorar a morte de um colega muito querido, um pastor que deixou rastros por onde passou e cujo testemunho do evangelho certamente plantou sementes da fé em Cristo e da liberdade cristã que hão de germinar muito além de sua frágil vida e, agora, de sua sofrida ausência.

Junto com a família vamos sentir a perda desse colega por muito tempo. Vamos lembrar com especial atenção de suas ponderações e de sua lealdade ao evangelho e à igreja na qual decidiu participar já adulto por livre e espontânea vontade e à qual serviu com firmeza e visão pastoral, como recordou o Pastor Presidente Walter Altmann em sua pungente alocução. Homero se tornou em sua morte um símbolo de unidade! Sim, porque naquela manhã de todos os cantos do país vieram colegas e pessoas para reverenciá-lo, para agradecer por sua vida e orar por sua família. Símbolo de unidade porque ele reuniu de uma forma jamais vista numa sincera partilha de dor e esperança lideranças de todos os matizes teológicos e de todas as práticas evangelizadoras. Homero talvez tenha conseguido naquela manhã dar um último testemunho de que vale a pena caminhar juntos em função do objetivo maior que distingue a igreja cristã neste mundo: ser um sinal da missão de Deus com amor e paixão.

E como uma metáfora sempre nos ajuda a fixar melhor experiências como esta, será bom recordarmos a imagem que o Dr. Milton Laske, presidente do Conselho da Igreja, usou para ilustrar o significado do colega Homero para a IECLB e a comunidade ali reunida. Ele lembrou que só conseguimos avaliar com justiça a grandeza de um pinheiro quando ele cai ao solo. A metáfora vem de Abraham Lincoln, mas se prestou muito sabiamente naquele momento de dor, de despedida e de testemunho. Homero foi reconhecido como uma pessoa sensata, terna, afável, consciente de seu papel como pastor e liderança, e, sobretudo, amante do evangelho pelo qual deu a vida desde sua última viagem a Moçambique, onde contraiu a enfermidade que acabou o levando à morte. Ele foi um apaixonado pela missão de Deus! E por isto será lembrado entre nós. Missão de Deus – nossa paixão foi não só um programa para ele. Tornou-se, de muitas maneiras, em vida e agora selado pela morte, uma razão de ser e existir neste mundo. Por esta missão ele se empenhou, sonhou e agora deu a vida.

Talvez poucas vezes na história desta igreja o dito de Jesus que abre esta memória tenha se tornado tão vivo e presente entre nós. Glória seja, pois, ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! Que o Deus de toda a paz o cubra com seu manto e preserve para sempre o seu nome no livro da vida. A mesma paz que excede todo entendimento esteja presente e guarde sua querida família. Amém.


Dr. Roberto E. Zwetsch

Faculdades EST - 26/04/2010


Texto extraído de: http://www.est.edu.br









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